O resultado de fevereiro, entretanto, não recuperou a perda dos meses anteriores. “O consumidor ainda está muito pessimista para comprar”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP

As vendas do comércio varejista subiram 1,2% em fevereiro em relação janeiro, na série com ajuste sazonal, informou na manhã desta terça-feira (12/04), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A elevação de 1,2% no volume vendido pelo comércio varejista foi a taxa mais alta registrada desde julho de 2013, quando o avanço foi de 3,0%.O resultado de fevereiro, entretanto, não recuperou a perda de 4,1% acumulada nos dois meses anteriores, ressaltou o instituto. A média móvel trimestral do varejo permaneceu em território negativo pelo terceiro mês consecutivo.

De acordo com Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), as elevações das vendas sobre janeiro são circunstanciais e não representam tendência de melhora para o setor.

“as elevações das vendas sobre janeiro são circunstanciais e não representam tendência de melhora para o setor”, afirma Burti.

Na comparação com fevereiro de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 4,2% em fevereiro de 2016.

Nesse confronto, as projeções iam de declínio de 1,40% a 9,00%, com mediana negativa de 5,55%. As vendas do varejo restrito acumulam retração de 7,6% no ano e recuo de 5,3% em 12 meses.

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas subiram 1,8% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal.

O resultado veio acima do teto do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções – que esperavam desde redução de 1,10% a crescimento de 1,60%, com mediana positiva de 0,40%.

Na comparação com fevereiro de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 5,6% em fevereiro de 2016. Nesse confronto, as projeções variavam de retração de 4,70% a 11,30%, com mediana negativa de 6,27%.

Até fevereiro, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 10,1% no ano e recuo de 9,1% e 12 meses.

ANÁLISE

“É um resultado importante, positivo, mas ainda não muda no curto prazo o movimento no comércio varejista”, afirmou Isabella. A média móvel trimestral do varejo, que indica tendência, permanece em território negativo há três meses. O resultado de fevereiro ficou em 1,0%.

O varejo opera 9,8% abaixo do ponto mais alto da pesquisa, que foi em novembro de 2014. Segundo Isabella, as vendas estão em patamar semelhante ao de janeiro de 2012.

“Em relação a fevereiro de 2015, a massa real de salários reduz ainda mais, o número de trabalhadores com carteira assinada diminui em 4,1%, e a inflação segue em trajetória de aceleração. Esses são fatores que inibem o consumo das famílias”, lembrou a pesquisadora.

BASE BAIXA DE COMPARAÇÃO

As atividades do comércio varejista, que tiveram elevação nas vendas em fevereiro ante janeiro, vinham de uma base de comparação baixa, após meses de quedas consecutivas, ponderou Isabella Nunes.

“Há três ou quatro meses elas estão mostrando quedas consecutivas. Então é natural que, depois de muito tempo consecutivo de queda, você comece a consumir”, justificou Isabella.

Segundo a pesquisadora, os fatores que inibem o consumo das famílias persistem na conjuntura atual.

O número de trabalhadores com carteira assinada recuou 4,1% no período de um ano; a redução de massa salarial habitual diminuiu 11,5% em relação a fevereiro de 2015; a taxa de juros do crédito a pessoas físicas aumentou de 32,9% ao ano em fevereiro de 2015 para 39,9% ao ano em fevereiro de 2016; e a inflação oficial medida pelo IPCA estava em 10,36% nos 12 meses encerrados em fevereiro.

“A inflação continua acelerando até fevereiro. Ela só cedeu em março. Então ainda é um patamar elevado. E a massa salarial está caindo”, disse Isabella.

Na passagem de janeiro para fevereiro, a atividade de supermercados cresceu 0,8%, após três meses de quedas. O segmento de móveis e eletrodomésticos avançou 5%, depois de dois meses de recuos significativos.

Os combustíveis tiveram aumento de 0,6%, mas não recuperaram a perda registrada no mês anterior (-2,5%).

Já os automóveis mostraram avanço significativo em janeiro, de 3,8%, após queda de 2,2% em janeiro. “Veículo é um segmento muito concentrado, tem mais capacidade de fazer promoção”, explicou a gerente do IBGE.

Por Estadão Conteúdo

Foto: Thinkstock

Fonte: http://www.dcomercio.com.br/categoria/negocios/vendas_do_varejo_sobem_1_2_em_fevereiro_